jueves, 17 de octubre de 2013

... SINTO-ME ESTUPIDO ...

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   Sou português, vivo desde há uma decada em Espanha e sou conhecedor das duas realidades que se viveram e vivem dos dois lados de uma fronteira que continua existindo.


    A minha passagem pela politica foi muito rapida … durou um par de anos … logo fui consciente que não tenho poder de encaixe nem jogo de cintura para isso.


    Com 53 anos vivi e vivo na pele esta crise, que vi chegar um pouco antes de explodir … e vou seguindo como espectador y como parte activa na sua evolução a reacção da gente.


    A Portugal e a Espanha esta crise aponhou-os de maneira mais ou menos igual.


    Eu tambem, como milhares (milhões) de outros fui afectado … eu tambem fiquei desempregado, com 50 anos, e eu tambem, como muitos outros tive que me reinventar … que lutar para seguir em frente e crear a minha propria empresa … a mim ninguem me tirou do desemprego … nenhum politico … nenhuma lei governamental … fui eu.


    Tudo isto da-me poder mental e argumentação suficiente para escrever este texto.


    Sento-me no meu escritorio, olho os écrans dos computadores, das televisões e as rádios e deixo que a informação fluia até a mim.


    … e é então quando me sinto estupido …


    De ambos os lados de essa fronteira que psicologicamente separa os dois paises supostamente irmãos, chegam-me ecos dos mesmos problemas … das mesmas lutas … dos mesmos movimentos …


    … e sinto-me estupido …


   Vejo países com profundos problemas económicos fazer greves gerais … eu fui um revolucionario de esquerda … lutei pelo direito á greve … mas não gosto de dar tiros no meu próprio pé.


    … e me sinto estupido …


    Vejo que ambos os países tiveram motivos comuns que levaram a esta situação … concretamente os bancos … em ambos se começou por ajudar a esses mesmos bancos a sobreviver economicamente … uma ajuda para que “voluntariamente” contribuimos todos … espanhois e portugueses … cidadãos em geral … os mesmos a quem, depois, esses bancos embargaram e deixaram na rua …


    … e me sinto estupido …


    Vejo como se recortam e baixam os ordenados dos trabalhadores … e penso … com menos ordenado eu compro menos … se eu compro menos quem vende venderá menos … ou seja … se o poder aquisitivo baixa toda a economia se estanca … as fabricas têm menos procura, necesitam produzir menos e, logicamente precisam menos empregados … ou seja … mais gente para o desemprego …


    … e me sinto estupido …


   De ambos os lados dessa linha imaginária que na estrada separa Badajoz de Elvas chegam-me gritos desesperados, apontando os altos ordenados dos politicos, os seus previlegios … as suas pensões vitalicias …


    Portugueses e Espanhois estão unidos no pensamento de que se os recortes começassem pela classe dirigente … aqueles a quem nós votamos ( ou não), a crise se solucionaria mais rapida e facilmente.


    Mas … quem avança nesse sentido?


    Quem vai decidir terminar (por exemplo) com a pensão vitalicia dos ex-presidentes do governo e da Republica ( no caso de Portugal)?


    Quem terá a coragem de dizer aos nossos dirigentes … utilizem o vosso carro para ir diariamente para o parlamento (ou o transporte publico) como qualquer cidadão para ir trabalhar … pagai a renda da vossa casa como qualquer outro comum mortal … e disfrutai das vossas pensões no regimen que eu e os demais temos.

    Quem avança?! Ninguem!!!


    … e me sinto estupido …


    Olhando o futuro eu imagino que Espanha e Portugal, tal como o resto da Europa, sairão, pouco a pouco de esta crise ciclica e internacional.

    Talvez Espanha o faça mais rapido … não é uma questão de intelgencia … é uma questão de mentalidade, de produtividade e de infraestruturas produtivas que Portugal tem menos.


    Talvez um dia, algum sociólogo explique esta situação economica e social de inicio do milénio … talvez, então, eu compreenda os politicos e a politica …


    Agora … sinceramente … não posso … e por isso …


    … sinto-me estupido …





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miércoles, 16 de octubre de 2013

... MILAGRES ... E OUTROS SANTOS ...

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   Quem me conhece sabe que, para mim, não existem milagres. Não é que eu negue os escritos da Biblia ou os factos de Jesus Cristo em médio oriente … longe disso.


    O que penso é que existem factos e circunstâncias para as quais não temos explicação … e isso porque não temos conhecimentos (informação) suficientes.


    Por isso, e desde o meu ponto de vista, aceitar a existencia de milagres é assumir a nossa ignorância … que a temos.


    Dou-vos um exemplo … eu dirijo-me à floresta da Amazónia, encontro uma hipotetica tribo “primitiva”, sem nenhum contacto com a “civilização”, acendo um isquieiro, e, no minimo, serei adorado como o “Deus do Fogo” … para eles, fiz o “milagre” de produzir e controlar, com um simples movimento de mão, o que eles levavam largos minutos para conseguir esfregando dois pedaços de madeira.


    E com isto, passo ao seguinte tema deste texto … os santos.


    Oficialmente, para que a Igreja possa chamar “santo” a alguém há que demonstrar que, esse alguém cometeu, combrovadamente, ao menos dois “milagres”.


    Deixo uma pregunta “inocente”:


    Poderiamos considerar Usain Bolt como “santo”?


   Este homem faz o que mais ninguem faz neste planeta … e mais do que duas vezes …


    Ironias á parte, porque este tema é muito sério … todos sabemos que está em processo a baetificação do falecido Papa Juan Pablo II.


    Não entrarei em dissertação sobre o tema … sé deixo um pensamento …


    No me repugna a ideia e chamar santo a um ex-papa, muito embora fosse para mim uma decepção, pelo que eu esperava dele, em termos de abeetura de mentalidades da Igreja … coisa que não fez … mas agora temos o Papa Francisco … um homem que cai bem a quase todo o mundo, que tem um discurso aberto, autocritico e humano que há muito esperavamos … talvez isso seja um verdadeiro “milagre” … talvez existam outros “santos” de que a igreja (nem ninguém) fala … os missioneiros … os médicos sem fronteiras … (algumas) organizações humanitarias … e tantos tantos anónimos que vivem ajudando os outros … outros milagres … outros “santos” !

 

 

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lunes, 23 de septiembre de 2013

... TRÊS PRESIDENTES ... EM CASTELO BRANCO ...


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Tenho 53 anos. 

Não me envergonho de assumir que despertei para a politica no dia 25 de Abril de 1974.


Incluso a palavra politica era uma ilustre desconhecida para mim, 24 horas antes dessa data.


Aprendi depressa, como muitos outros.


As coisas em Castelo Branco não mudaram assim tão depressa.


Nas minhas actividades politicas, lúdicas e profissionais, mantive, ao longo dos anos alguns contactos com a autarquia albicastrense … umas veces mais pacificos … outras … não!
Conheci pessoalmente tres presidentes de Camara, de dois partidos diferentes.


Nos meus tempos de revolucionário de esquerda, que fui, cruzei alguns minutos de conversação com o socialista Armindo Ramos, quase nunca agradaveis … para esquecer ...


A corrente politica durou-me pouco … em pouco mais de ano e meio compreendi que os jogos de cintura necesarios para esse mundo, não eram para mim.


Quando, mais tarde, volto a subir oficialmente as escadas da Camara Municipal de Castelo Branco, foi como responsavel de uma radio local recem formada, a Radio Juventude predispunha-me a ser recebido pelo então presidente da Camara, o social democrata Cesar Vila Franca.


Inesperadamente, a reunião decorreu num clima muito ameno e agradavel e daí nasceu uma colaboração e ajuda que foram indespensáveis á posterior legalização do emissor regional de Castelo Branco ( a propósito … onde está?!!!). 


A Joaquim Morão conheci-o anos depois … eu era director de informação da RJ e ele presidente da Camara de Idanha a Nova.


Rapidamente me habituei ao seu elevado ritmo de trabalho e ao seu espirito empreendedor.
As leis do meu destino levaram-me a imigrar para Lisboa, e, mais tarde, a emigrar para Espanha.


Já não vivia em Castelo Branco quando Joaquim assumiu a edilidade albicastrense.


As mudanças não se fizeram esperar … em pouco tempo a cidade que me viu nascer se tornou quase irreconhecivel para mim.


Cada vez que voltava descobria algo novo.


Agora que, por razões legais não se pode recandidatar, sinto-me livre para escrever este texto e poder assim dizer-lhe (já que não tenho a oportunidade de fazê-lo pessoalmente...):


“--- Joaquim Morão, muito obrigado pelo que fizeste pela minha cidade … por voltar a colocar-la no mapa de um país parado. Obrigado por deixar a tua alma de empreendedor nas nossas ruas e paredes. Não estou de acordo com tudo o que fizeste (jamais te perdoarei o teres-me tirado o ecran de cine do parque da cidade) … mas é um trabalho imenso e profundo, o que nos deixas.


Não sei, nem conheço quem virá agora … só sei que terá uma tarefa dificil … manter, continuar e desenvolver o espirito de trabalho a que nós, albicastrenses, já nos habituamos.
 Aqui estarei para escrever sobre tudo isso.”





miércoles, 5 de junio de 2013

... O DIREITO À OPINIÃO ...









  Sempre pensei que, na minha vida, já havia passado e vivido situações politicas suficientes, e que a minha passagem pela vida partidária activa deixara em mim a vacina para que não voltasse a esses temas até ao ultimo dos meus dias.

  Mas … a própria vida muda, e o ambiente à nossa volta, neste momento, não é o mais indicado para reivindicar silêncios.

  É certo que vivo em Espanha, mas é igualmente verdade que esta crise é global, e que, no fundo, temos uma realidade comum.

  A este blog trazem-me, hoje, dois temas …

  Há poucos dias, numa entrevista a um dos principais canais de televisão, aqui em Espanha, a Antena 3, o ex presidente Aznar deixava antever o seu possível regresso à politica nacional.

  No dia seguinte muitos foram os que se levantaram em contra dessa possibilidade, alguns desde dentro do seu próprio partido.

  Veio-me à lembrança algo muito idêntico ocorrido em Portugal, quando Mário Soares lançou a mesma ideia.

  Devo deixar claro que, tanto Aznar como Soares não são santos da minha devoção … mas devo confessar que vejo com bons olhos o regresso de ambos à vida politica activa de ambos os países.

  E fundamento: penso que em Portugal e Espanha há um desesperante défice de bons políticos.

  Tentarei explicar-me melhor … os bons políticos, tal como os bons administradores públicos, ou os economistas mais capazes sabem que, em tempos de crise profunda, a exposição publica queima e prejudica a imagem politica.

  Neste momento estão ocultos, observando e esperando momentos mais oportunos … e é agora que mais os necessitamos.

  Então … pergunto … porque não fazer regressar das cinzas as fenixes, mesmo sem grande colorido?

  Penso que, o ressurgir dos dinossauros políticos faria sair das sombras os valores necessários e agora mesmo em stand bye

  Por isso … que voltem os Soares, os Guterres, os Aznares ou os Gonzalez … … de que temos medo? Ao fim e ao cabo somos nós quem tem a ultima palavra … nas urnas ou não?

  Passo agora ao segundo tema que hoje me traz a este blog … a Greve Geral, marcada para breve em Portugal, a exemplo do que já passou aqui em Espanha.

  Há poucos dias atrás, publicava eu, sobre o tema dizendo que me parecia muito estranho que, num país assolado por uma profunda crise económica, alguém pensasse numa greve geral, e perguntava se os dirigentes de ambas as centrais sindicais, tinham explicado quanto custaria a cada português tal greve, aderindo ou não a ela.

  Fui amplamente criticado, e, alguns leitores deixaram a ideia de que eu seria a favor de uma futura ditadura politica.

  Para os que já não se lembram, devo recordar que vivi desde dentro a revolução de Abril, fui militante activo e um partido de extrema esquerda, o MRPP, que abandonei quando as directrizes politicas, já depois da prisão de Arnaldo Matos começaram a enveredar por caminhos mais violentos que não já somente o debate e a discussão de ideias e ideais.

  Lutei pelo direito à greve, participei em algumas, e, em Castelo Branco, onde nasci e onde vivi esses conturbados tempos, fiz parte e alguns piquetes às greves e umas quantas vezes tive que correr diante das forças policiais quando nos tentavam dispersar.

  Agora que já ultrapassei claramente o meio século de vida, as coisas têm outra dimensão.

  Por isso penso e afirmo que em minha opinião (direito pelo qual também lutei), fazer uma greve geral num momento tão complicado, economicamente falando … é algo como dar um tiro no próprio , quando estamos caçando.

  Os milhares e milhares de euros que se vão … ou a produção que não vamos fazer não ajudarão em nada a conseguir mais empregos ou melhores políticas administrativas.

  É como que eu, sentindo-me fisicamente muito cansado, decida, para recompor-me, correr uma maratona.

  Sei que alguns não compartilharão as minhas ideias, mas eu respeito-os a todos … com a mesma deferência e educação que espero obter de todos vós.

  A minha posição, hoje em dia, sobre o tema das greves também ganhou outras matizes … … mas isso será tema para outra dissertaçãooutro dia

 

 

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miércoles, 24 de abril de 2013

... CRAVOS ... EM ABRIL ...

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    Há cravos que são para sempre, e cravos que nascem sem côr, ou, que a perdem aos poucos dias de vida … os cravos de Abril são eternos.

     Em profundos e terriveis anos de crise há os que apregoam a morte e caducidade desse cravo vermelho … são mentes paradas no tempo.

    Uma revolução nunca é futuro … é passado e presente … é um veículo, um paso, um preparar para o amanhã … em plena e completa evolução.

   Passaram 39 anos desse dia memorável e, vejo, alguns ficaram por 1974.

    Tudo mudou, meus amigos … o universo já não é o mesmo … o mundo já não se divide entre Estados Unidos e União Soviética … e a politica não está já amarrada em simples conceitos de esquerda o direita.

    Socialismo … comunismo … ou capitalismo, são agora, antologias históricas de ciencia politica e a realidade é feita de fusões de ideias.

    Cada vez mais seguimos pessoas em vez de ideologias … e isso é bom … mas, só é possivel porque a acção de uns quantos, pela vontade de muitos, levou a cabo uma revolução que mudou a vida e a historia de um país.

   Vivemos uma profunda crise que não é só nacional, mas que afecta todo o mundo … uns mais que outros … e há que crear soluções … politicas … sociais … humanas …

   Para isso necesitamos um espirito forte e conciso donde encontramos o simbolismo da data de hoje … sem extremismos … dogmas … o falsos milagres.

    E é num momento em que a classe politica, a nivel mundial, sofre os mais baixos niveis de credibilidade pública que eu e vós … simples cidadãos … levantamos a nossa voz inconformista e nos transformamos em indignados ... mas seguros dos ensinamentos de Abril-74, que mais não seja, escrevendo artigos como este, sem que passemos o resto deste dia entre grades.

   Há cravos que vivem pouco, independentemente da sua côr … mas este … o cravo vermelho de 25 de Abril de 1974 ... viverá para sempre.

 

 






 

 

 

 

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