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ERNESTO
PINTO LOBO
A historia é um animal propenso a uma doença cíclica … grave … felizmente com cura … a amnésia.
Por isso sinto a necessidade de investigar, conhecer e dar a conhecer o passado – porque me importa … porque debe importar a todos … porque não podemos dicidir em consciencia no futuro se não sabemos do nosso passado.
Não podemos viver na ignorância … nem somos avestruzes … nem meter a cabeça debaixo da areia soluciona ou ajuda a solucionar nada … de repente me veio á cabeça uma (das muitas) expressões do meu pai … “a ignorância é sempre atrevida”.
Eu tento colocar o meu grão de areia, como se fosse um antídoto para a “amnésia historica”.
A “AMNÉSIA HISTÓRICA” de hoje vai, muito especialmente, para Portugal, Castelo Branco, cidade que me viu nascer … mas gostaria de compartir-la com todos os meus leitores espanhois.
Hoje vou falar de um homem que nasceu em 23 de Fevereiro de 1937, em Tramagal, Abrantes, em pleno centro de Portugal, de seu nome ERNESTO PINTO LOBO.
Depois de terminar os estudios secundarios em Abrantes foi para Coimbra para estudiar na Universidade de Letras.
Aí se licenciou em Historia.
Pelo seu matrimónio, ERNESTO PINTO LOBO passa a residir em Castelo Branco, onde começa por ser professor de pedagogia e Director Pedagógico da Aliance Française de essa cidade.
Pouco a pouco, com os seus estudos e pesquisas tornou-se um especialista em temas sociais e turisticos, e aparecem as suas primeiras publicações no campo historico e etnográfico, colaborando em jornais e revistas da especialidade.
Fundou o “Centro de Estudos Etnográficos da Beira Baixa” e a revista “Adufe”.
Fez um rigoroso levantamento do panorama folclórico musical português da “Beira Baixa”.
Nos anos 60 entra para a “Orquesta Tipica Albicastrense” onde assume funções de Presidente de Direcção em 1970.
Mais a mais, cantava muito bem.
Um dia, conversando eu com outro ilustre personagem, igualmente injusticiado pela história (felizmente, e á data de esta publicação, ainda vivo), Arlindo de Carvalho, este me dizia que não conhecia a ninguém que cantasse tão bem a canção “Maria Faia” como Ernesto.
Sobre o grande compositor e interprete Arlindo de Carvalho, falarei outro dia.
Ernesto Pinto Lobo era tambiém um muito bom interprete de outro tipo de musica portuguesa, que se lhe ficou dos tempos de estudante … o fado de Coimbra.
Pessoalmente conheci a Ernesto nos anos 70.
Ao despontar da “Radio Juventude, Emissor Regional de Castelo Branco”, ele foi um dos primeiros em apostar forte no nosso projecto e a dar a sua sempre generosa colaboração.
Com ele mantive longas conversas, todas interessantes e enrriquecedoras, e nos meus programas sempre houve um espaço para uma rúbrica sua sobre os temas de que tanto sabia.
Com ele aprendi e descobri, muito sobre a historia de uma cidade que era mais minha que sua, mas, pela qual, fez muito mais do que eu.
A nossa fecunda colaboração durou mais de uma década até que a vida, geográficamente, nos separou.
Mas Ernesto não parou e até á sua morte manteve-se muito activo.
Foi chefe da Divisão de Educação e Cultura da Câmara Municipal de Castelo Branco e director da Biblioteca Municipal.
As suas publicações, tanto escritas como em registos audio e em imagens (no seu tempo em super 8) algumas por sorte recuperadas e digitalizadas, são hoje um grande pilar sobre a historia de toda essa região.
Em 20 de Março de 2000, dia da cidade, teve a sua ultima aparição pública, falando sobre outro grande nome, Eurico Sale Viana.
Pouco desfrutou do novo século nem do novo milénio … morreu a 21 de Abril de 2000, victima de uma doença complicada aos 63 anos de idade.
A titulo póstumo a Camara Municipal de castelo Branco, atribui-lhe a “Medalha de Ouro de Mérito Cultural” e deu o seu nome a uma rua.
No entanto, parece-me muito pouco … o aniversário da sua morte passou quase invisivel para todos quantos bebemos de essa grande fonte de saber e de esse enorme poder de comunicação que foi Ernesto Pinto Lobo.
Me arriscaria a propor á Camara Municipal de Castelo Branco que se desse á Biblioteca Municipal de esta cidade o nome de esta figura pública.
Deixo uma pregunta a quantos, como eu, passamos já dos 50 anos …
Preguntai aos vossos filhos e filhas quem foi o Dr. ERNESTO PINTO LOBO … na resposta conseguida encontrareis o trabalho de divulgação que todos temos pela frente.
Os deixo um fragmento de um trabalho de Ernesto, gravado e apresentado por el mesmo.
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